O segredo da resiliência
Um dos aspetos da paciência, tal como foi descrita no contexto do treino budista, é a resiliência, ou seja, a capacidade de enfrentar as dificuldades com uma atitude positiva e não-conflituosa.
Um dos aspetos da paciência, tal como foi descrita no contexto do treino budista, é a resiliência, ou seja, a capacidade de enfrentar as dificuldades com uma atitude positiva e não-conflituosa.
Não sei se é da idade… Talvez seja. Mas sinto que cheguei a um momento na minha vida em que o famoso conselho de Patrul Rinpoche começa a fazer cada vez mais sentido: “Faz como as vacas velhas, Que ficam felizes por dormirem no estábulo,…
Pergunto-me muitas vezes como é possível que as relações sejam uma das maiores causas de sofrimento no mundo ocidental. Sendo que a necessidade de proximidade e carinho faz parte da nossa natureza e é essencial até para a sobrevivência, como pode ser tão doloroso relacionarmo-nos uns com os outros? Se diariamente há pessoas comuns a…
A compaixão, sentimento central na prática do Budismo, é a pedra filosofal que nos permite transformar o ferro dos sentimentos conflituosos e egoístas no ouro do altruísmo, da paz e da alegria.
Tomar-se muito a sério é um sinal de egocentrismo. As pessoas suscetíveis não conseguem rir de si próprias e muito menos aceitam que os outros o façam. No entanto, o sentido de humor é indispensável na vida.
Os mais recentes estudos sobre a relação entre o corpo e o espírito revelam coisas que já tínhamos podido constatar pela experiência mas que agora se precisaram. Estabeleceu-se uma correspondência clara entre a atividade das regiões frontais esquerdas do cérebro e os sentimentos da alegria e entusiasmo e a actividade das regiões frontais direitas e…
Estamos quase sempre tão instalados (embrenhados?) na nossa realidade – seja ela confortável ou desconfortável – que esquecemos a sua pequenez e a sua relatividade. Já nem falo em relação ao planeta ou à imensidão do Cosmos, mas simplesmente às realidades paralelas e simultâneas de quem nos rodeia sobre este grão de poeira a que chamamos Terra.
No tempo do Buda existiu um comerciante imensamente rico mas muito agarrado ao dinheiro que veio um dia vê-lo e lhe disse: “Gosto muito os teus ensinamentos, acho-os realmente inspiradores. Só tenho pena que não sejam para mim”. “Porque não haveriam de ser para ti?
Paradoxalmente, o desenvolvimento dos meios de comunicação e das redes sociais, o estilo de vida moderno leva-nos a viver mais isolados uns dos outros. Teoricamente, estamos mais próximos do nosso vizinho do lado do que quando vivíamos disseminados em grandes espaços, mas, na prática podemos partilhar vários anos o mesmo prédio sem lhe dizermos bom-dia.
Meditar é treinarmo-nos a deslocar a nossa atenção do pensamento para algo que esteja a ocorrer aqui e agora. Pode ser um objeto exterior como a chama de uma vela, uma flor ou uma imagem; a perceção dos sons que nos rodeiam ou podem ser as sensações físicas que estamos a experimentar.
Cada um de nós tem uma capacidade x de ser feliz que é muito menos função das situações exteriores do que aquilo que geralmente supomos. Obviamente, um acontecimento positivo dá-nos um sentimento temporário de entusiasmo e um revés leva-nos a um período de desalento mas, mais tarde ou mais cedo, a nossa sensação de bem-estar…
Em vez de se preocupar constantemente com quem irá preencher-lo(a) e fazê-lo(a) feliz, pense: o que fiz hoje para pôr um sorriso no rosto de alguém? A felicidade é como uma onda: propaga-se.
Mais um pedacinho de alegria genuína, ou seja, por nada! Não me apaixonei, não encontrei um novo emprego, não mudei de carro, não me saiu o milhões… Abri simplesmente os olhos e ergui-os até ao horizonte possível. Um deslumbre de luz, um amanhecer suave e frágil, barulhos de vida acordando… Enjoy!
Há mais vida para além do que o preocupa ou angustia neste momento. Onde estão os problemas que o angustiavam há 3 anos? Talvez alguns persistam mas muitos pura e simplesmente deixaram de fazer sentido. Onde estarão os problemas que o angustiam hoje dentro de 3 anos? De um ano? De seis meses?
Cada dia é uma dádiva, cada momento uma plenitude… A gratidão preenche-nos a vida, dá sentido até ao sofrimento. Esteja grato!
Quando não estamos conscientes dos nossos atos, palavras e pensamentos é difícil criar espaço para os podermos observar. Este tipo de atenção é algo muito aberto que nada tem a ver com o controlo: as pessoas muito controladas estão sempre a medir e a avaliar os seus comportamentos para não caírem em excessos ou não…
Contrariamente ao que se pensa, do ponto de vista espiritual, a desilusão em relação ao valor das coisas exteriores é excelente e, nesse sentido, o sofrimento e a perda são os nossos grandes amigos espirituais. Em vez de ficarmos amargos com as pessoas
Há uns anos, tive uns vizinhos que davam festas todos os fins-de-semana até de madrugada: recebiam amigos, jogavam às cartas e punham música muito alto. O meu quarto ficava exatamente por baixo da sala onde se reuniam, de forma que era impossível dormir.
Embora todos aspiremos à felicidade nem sempre sabemos como defini-la. O erro mais comum consiste em confundi-la com prazer, reduzindo-a assim a algo de muito limitado e instável pois o prazer acaba depressa – no melhor dos casos com o tédio e no pior com a dor.
Temos propensão para nos focalizarmos obsessivamente nos problemas e perdermos de vista os inúmeros comprazimentos da nossa vida. O facto de ter uma dificuldade financeira, por exemplo, não o deve impedir de valorizar o afeto dos seus amigos. Pelo contrário!
Haverá sempre problemas no mundo, haverá sempre dificuldades na nossa vida. Passamos os dias a resolver questões: como pagar a prestação; o que fazer para o jantar; como educar os filhos; a quem pedir para ficar com o cão ou coisas bastante piores…
Rick Hanson, um neuropsicólogo americano autor do livro Buddha Brain, defende que o cérebro humano é como velcro em relação aos sentimentos negativos e teflon em relação aos positivos. Na realidade, quando alguma coisa nos enfurece ou magoa, passamos muito tempo a rever mentalmente o sucedido,
Nos tempos que correm o sentimento de insegurança e o receio do futuro aumentaram. É como se tudo o que parecia sólido e resistente estivesse afinal erigido sobre areias movediças e temos a sensação de que tudo nos foge por entre os dedos.
Numa sociedade obcecada com a felicidade e, paradoxalmente, extremamente infeliz, a ideia, cada vez mais difundida, de que a felicidade é uma escolha pode levá-lo a crer que basta carregar num botão para que, de imediato, comece a ver “o copo meio cheio” e a sua vida se encha de alegria.
O que é a meditação? Um transe? Uma fuga para outra dimensão? Ou simplesmente estar aqui e agora? A meditação é um elemento essencial para uma vida plena, consciente e feliz.
Acreditarmos na nossa existência enquanto entidade separada torna-nos frágeis. O ego é um “contra” todos os outros e, por isso, está claramente em minoria. Não admira que se torne um pouco paranóico, sempre a medir se o que acontece é por ele ou contra ele.
Tudo começou há muitos anos atrás, na primeira aula de filosofia – tinha eu quinze anos. Entre as várias definições que atirámos, com a confiança inerente aos teenagers, surgiu aquela que mudou a minha vida: filosofia é uma reflexão sobre questões como o sentido da vida…
Não sei se é cultural ou estrutural mas quando alguém pergunta como vamos, em Portugal responde-se “Vai-se andando”.
Toda a gente quer ser feliz. Pelo menos é o que dizemos, mas pela forma como nos agarramos às coisas que nos fazem sofrer, até parece que não.
O senhor ego é um vil patife que inferniza as nossas vidas. Estou a falar do ego como é visto pelo budismo e não do ego da psicologia. Não sei falar deste último, mas posso dizer alguma coisa do primeiro.
Predispor-se para a gratidão significa não tomar seja o que for por garantido, devido ou obrigatório. Ninguém “tem” de amar-nos, respeitar-nos ou tratar-nos bem. Não há idades em que é proibido morrer nem situações que não podem acontecer.
Toda a nossa atenção é canalizada para as pequenas coisas do dia a dia: terminar esta ou aquela coisa, fazer um telefonema, enviar um email, ir levar os miúdos à escola, preparar o jantar… e os nossos pensamentos vão, inevitavelmente para aquilo que foi ou aquilo que vai ser.
Consideremos a natureza da felicidade. A primeira coisa a assinalar é que a felicidade é uma qualidade relativa. Experimentamo-la diferentemente de acordo com as circunstâncias. O que traz bem-estar a uma pessoa pode fazer sofrer outra. Todos nós, em geral, nos sentiríamos muito infelizes se fôssemos condenados à prisão perpétua. Mas um criminoso passível de pena de morte ficaria provavelmente muito contente ao ver a sua pena comutada em prisão perpétua.
Olhar para o lado bom da vida não significa fechar os olhos às ameaças terroristas ou à crise económica, fazendo de conta que não existem. Olhar para o lado bom da vida é uma opção. É escolher olhar para as pessoas boas e corajosas de que a vida está cheia, para os acontecimentos, descobertas ou iniciativas que trazem o bem e dignificam os seres humanos, dar-lhes importância e privilegiá-los em relação às outros, aqueles que a comunicação social atira cá para fora às centenas, quotidianamente.
Recentemente uma amiga de longa data veio-me visitar. Sabendo que, no caminho, tinha atravessado a floresta, perguntei-lhe o que tinha observado. “Nada de especial”, respondeu ela.
Há pessoas que andam pela vida sempre contrariadas. Se faz sol, queixam-se do calor; se chove, queixam-se da chuva. Detestam o frio, odeiam o calor, parece às vezes que a única coisa de que gostam mesmo é de se queixarem.
Num mundo em que o individualismo tem ganho terreno ano após ano, tudo que nos nos liga uns aos outros tem desaparecido. Já sem falar do modo de vida tribal – que foi o nosso durante milhões de anos – e onde a cooperação era fundamental para a sobrevivência, tínhamos, no nosso passado recente, a comunidade do bairro, da aldeia, ou mesmo da pequena vila onde as pessoas se conheciam e onde, em muitos casos, prevalecia a troca de serviços ou de “favores”.
Em criança ensinaram-me que há dois tipos de felicidade: temporária e permanente. A felicidade temporária é como uma aspirina para a mente, proporcionando algumas horas de alívio em relação à dor emocional. A felicidade permanente provém de se tratarem as causas de sofrimento subjacentes.