Tsering Paldron é praticante Budista há mais de 40 anos e ensina o Budismo desde 1992. Atualmente é convidada para dar seminários, palestras, cursos e orientar retiros em Portugal e vários outros países. Escreveu dois livros sobre budismo “A arte da vida” e “A alquimia da dor” e um terceiro, “A dignidade e o sentido da vida” sobre cuidados paliativos em colaboração com outros autores. Publicou um livro de contos infantis “As aventuras de Tachi, o grilo tibetano”. As suas mais recentes publicações são “O Hábito da Felicidade” e “Karma, a causalidade dos atos“. Vive actualmente no Porto onde dinamiza a Bodhicharya Portugal.

Era muito nova quando me apercebi de que não tinha queda para ser feliz. Embora fosse ainda muito nova, já me apercebera de que, afinal, apesar de nada me faltar não era particularmente feliz. Era uma questão de falta de jeito.

Nasci em Lisboa, na  época sombria da ditadura. Portugal estava claramente duas décadas atrás do resto da Europa, onde a juventude vivia a revolução hippie. Em 1973, deixei Portugal e juntei-me a um amigo que tinha ido viver para a Bélgica.

Foi lá que, em Novembro de 1973, me cruzei com o budismo tibetano. Comecei por ouvir algumas palestras. E tudo fazia tanto sentido, que aderi com aquele entusiasmo próprio de quem é novo e ainda não acumulou receios. Não havia nada mais importante na vida, para mim, do que galgar esses espaços que se abriam e ir à descoberta da plenitude interior que se adivinhava por entre as palavras que ouvia.

Tornei-me budista em 1974 e, entre 1984 e 1988, fiz o tradicional retiro de três anos na Dordogne, França, sob a direção espiritual de Dudjom Rinpotché, Dilgo Khyentsé Rinpotché dois dos maiores Lamas contemporâneos (entretanto já falecidos), e Tsetrul Pema Wangyal Rinpotché. Fazer esse retiro foi um dos grandes marcos da minha vida.

O retiro de três anos é um retiro de grupo centrado na prática da meditação e no estudo dos textos. Com uma média de 11 horas diárias de meditação e orações, é uma oportunidade única para aprendermos a conhecer o nosso espírito e aplicar os métodos de transformação que o budismo oferece.

Tive a sorte de receber ensinamentos e iniciações de muitos Lamas, de fazer algumas viagens ao Oriente (para assistir a eventos realmente excepcionais) e duas peregrinações aos lugares sagrados do budismo na Índia, Nepal e Butão. Em 1992 comecei a ensinar o budismo e essa tem sido a minha principal actividade desde então.

Voltei para Portugal em 1996 onde tenho vivido, apesar de continuar a viajar bastante. Estou ligada a Ringu Tulku Rinpoche e à Bodhicharya International e nos últimos anos tenho ensinado nos seus centros, em Inglaterra, Alemanha, Irlanda e Caraíbas.

Quando revejo a minha vida, considero-me uma pessoa muito afortunada e sei o quanto devo aos mestres que tiveram a bondade de me ensinar.

Com Dudjom Rinpoche, França 1976
Traduzindo Sua Santidade o Dalai Lama, Porto 2001